LESOM, o novo Mosel?
LESOM, o novo Mosel?
Cada vez mais o sentimento de que o vale do Mosel está em movimento de renascimento é uma certeza.
O êxodo rural continua a ser uma realidade, todos os anos novas gerações abandonam as vinhas das famílias para terem empregos citadinos.
Esta realidade, apesar de triste, oferece a forasteiros uma ótima oportunidade para começarem os seus próprios projetos. Weiser Kunstler, Vollenweider, Jakob Tensttedt ou Philip Lardott têm todos em comum o facto de não serem nativos do Mosel e não terem herdado as vinhas. Construíram de raiz os seus projetos e hoje são inegavelmente dos grandes nomes deste Vale.
Lesom tem uma história semelhante. Philipp e Jessika, não cresceram no Mosel e não herdaram uma Weingut em funcionamento (embora os avós da Jessika eram viticultores no Mosel). Em 2018 despediram-se dos seus trabalhos de escritório, em busca do sonho de fazer vinhos na região. Estudaram em Geisenheim e trabalharam com uma grande referência dos vinhos naturais da região, Rudolf Trossen. Em 2021 fizeram a sua primeira colheita com apenas 2 hectares de vinhas.
Nós visitamo-los em fevereiro, provamos as colheitas de 2022 e 2021, e também algumas amostras de barril de 2023. Sentimos logo que queríamos fazer parte desta aventura desde o seu início.
A filosofia é simples, trabalhar as vinhas de forma orgânica e manualmente. As vinhas são antigas entre 60 a 80 anos, espalhadas entre as vilas de Ekirch, Traben-Trarbach e Wolf.
Apesar de trabalharem apenas 2 hectares de terra, conseguiram pequenas porções de vinhas bem aclamadas. Como por exemplo, Pündericher Mariunberg (parcela famosa por Clemens Busch), Enkircher Herrenberg, e no chamado “side valley” está Wolfer Sonnenlay (Weiser Kunstler também cultiva esta vinha). Portanto vizinhança de topo!
Apenas cultivam Riesling, fazem três cuvées de vinhos secos: Berg, Fluss e Tal. Além de o seu famoso Pet-Nat.
Os vinhos têm além da cortante acidez, característica dos vinhos secos do Mosel, uma maior amplitude no palato. Apresentam ainda um pouco mais de textura, que faz o vinho mostrar-se menos linear e um pouco mais redondo.
Na adega, ocorrem fermentações lentas em contacto com as borras, sem filtrações, num misto de barris tradicionais “fuderfass” de 1000l e tanques de inox. Por agora Philip diz adicionar valores de sulfuroso até as 15 mg/l, no futuro gostaria de não usar.
Philipp e Jessika trazem-nos um estilo delicado e fresco, mas também com a fruta bem aberta e madura, acidez e energia cintilante. Atrevo-me a dizer, que é o Glou-Glou do Mosel!